Os pacientes com câncer de próstata avançado, já resistente ao tratamento convencional, terão em breve uma nova opção. Um estudo identificou uma droga capaz de aumentar a sobrevida desses casos, suavizando sintomas e prometendo melhorar a qualidade de vida.
Teste feito com o Acetato de Abiraterona - publicado na revista especializada “The New England Journal os Medicine” - mostrou que ele pode aumentar em ate 36 % a sobrevida de pacientes que não reagem às terapias atuais, incluindo o tratamento com hormonioterapia.
O estudo acompanhou 1.195 pessoas e verificou que o aumento do tempo de vida dos pacientes que usaram a nova droga foi de 14,8meses em média.
“Até um ano atrás, quando a quimioterapia falhava, o paciente ficava sem tratamento. Agora vamos ter alternativas. O acetato de abiraterona não é a única droga existente com essse objetivo, mas mostrou um excelente resultado”, afirmou Fernando Maluf, chefe do Departamento de Oncologia Clínica do Hospital São Jose (SP).
O medicamento já foi aprovado pelo FDA (órgão que regula remédios e alimentos nos Estados Unidos). No Brasil, a previsão de lançamento é para 2013.
O câncer de próstata -o segundo mais comum entre homens do mundo- usa a testosterona como uma espécie de combustível para conseguir se desenvolver.Uma das primeiras etapas do tratamento desse câncer é justamente inibir a produção do hormônio masculino.
COMO FUNCIONA
Após algum tempo, no entanto, essa limitação deixa de fazer efeitos em certos pacientes. È como se o tumor encontrasse um plano B e começasse a “se alimentar” de outras fontes.
O acetato de abiraterona age inibindo a síntese de outros hormônios masculinos que, embora ajudem a manter as características sexuais do homem, serve de combustível alternativo para o câncer de próstata, estimulando seu crescimento.
Uma das vantagens da nova droga é que ela funciona por via oral. Boa parte dos tratamentos em estudo para tratar pacientes resistentes às terapias atuais precisa ser aplicado por injeções, uma característica que tradicionalmente diminui o índice de adesão e permanência nas terapias.
Segundo os autores do trabalho, chefiado por Johann Bono, do Instituto de Pesquisas de Câncer do Royal Marsden NHS Foundation Trust, houve uma alta adesão ao tratamento com abiraterona.
Ainda segundo o estudo, o acetato também agiu no controle da dor óssea, uma das características do estado avançado da doença.
Baseado em matéria publicada na Folha de São Paulo
2 de julho de 2011.